A pesquisa sobre ferramentas de content marketing que a Tracto Content Marketing divulgou recentemente tem muitos dados interessantes e fundamentais para quem trabalha com comunicação. A pesquisa ouviu 700 profissionais sobre plataformas como Youtube, Google, Flickr, Facebook, rádio, TV e outras mídias.
Um dos dados que mais me chamou a atenção foi o seguinte:
“Revista impressa é vista na fase de queda e desilusão no Brasil, embora especialistas americanos, como Robert Rose e Joe Pulizzi, a considerem uma tática extremamente eficiente pela pouca concorrência no meio impresso.”
Com vinte anos de experiência em comunicação corporativa, posso dizer que, apesar do dado me chamar a atenção, ele não me causou surpresa. Já vi várias ferramentas irem e voltarem ao topo, de tempos em tempos, quase de maneira cíclica, dependendo do contexto político, econômico e social em que vivemos.
O Blog, por exemplo, quando surgiu, parecia ser a solução para a questão da interatividade, já que permitia dar voz ao cliente, criando uma comunicação mais direta entre empresas e consumidores. Algum tempo depois, com o surgimento de ferramentas mais modernas e ágeis, ele caiu no ostracismo. Recentemente ressurgiu, como uma ferramenta capaz de gerar movimento nos sites, de chamar o público para uma plataforma própria da empresa e para concentrar o conteúdo e o público em um único lugar (sem dispensá-los por plataformas como as redes sociais, que não pertencem às corporações e que sobre as quais estas não têm controle algum).
Mas, e as revistas?
Lá nos idos dos anos 90, antes de a internet tornar-se o que é hoje, as ferramentas de comunicação corporativa eram bastante limitadas. Havia o jornal mural, a revista, as newsletters, as campanhas internas e algumas variações sobre esses temas.
Durante minha trajetória profissional, tive a chance de participar de alguns projetos muito bem-sucedidos de comunicação. E, em todos eles, a revista impressa era uma peça chave para o sucesso da estratégia. Eu acredito que ela continue sendo, ainda hoje, a despeito das muitas possibilidades digitais que estão agora disponíveis.
Algumas das razões da eficiência da revista impressa, enquanto ferramenta de comunicação, estão relacionadas à sua natureza física, concreta – em oposição à impalpabilidade dos meios digitais.
Quando lemos uma revista impressa, nossa atenção está mais focada nessa atividade do que quando lemos algo em meio digital – neste caso, nossa atenção flutua, porque existem outros estímulos externos. O barulho do Whatsapp, a notificação do Facebook, o toque do telefone: tudo está na mesma plataforma, tudo se mistura; muitos estímulos competem para atrair a nossa atenção, que, afinal, é uma só. Ter foco e atenção é fundamental para que o conteúdo seja compreendido de maneira mais adequada e fixado com mais facilidade.
A revista impressa dá ao colaborador que nela aparece uma sensação de ter sido reconhecido de forma mais definitiva e perene do que em uma matéria em um site da empresa. Isso porque as matérias nos sites e intranets tornam-se obsoletas muito mais rapidamente que em uma revista de papel. A atualização é diária ou semanal, enquanto que, no caso da revista de papel, a próxima edição só chega no mês que vem, ou bimestralmente.
O colaborador pode ver-se na revista impressa, mostrar para a família que a empresa onde ele trabalha o reconheceu. Ele pode guardá-la em casa para mostrar para familiares, amigos e conhecidos. Isso fortalece a reputação da empresa e os laços que ela estabelece com seus colaboradores.
Dependendo do setor e do ramo de atividade da empresa, a revista impressa é fundamental. Na indústria, por exemplo, nem todos os trabalhadores têm acesso permanente a computadores. A eles, restam recursos como as revistas de papel para que eles se sintam parte daquela comunidade.
A sensação de pertencimento – essencial para trabalhadores de empresas com diversas filiais, presentes geograficamente em diversos lugares – é muito mais forte quando existe uma instância física de comunicação, papel que a revista impressa desempenha como poucas outras ferramentas.
Como aponta a conclusão da Tracto, agora que grande parte das corporações está voltada para os meios digitais, a revista impressa nada em um oceano mais azul, com muito menos concorrência do que antes. Pode ser a chance de uma estratégia de comunicação interna se destacar no mercado. Pode ser a oportunidade de uma empresa criar ou consolidar uma imagem e um diferencial perante o mercado.